O antigo paradigma dos meios tradicionais antecedeu publicações eficazes de nichos. Um nicho, que fosse verdadeiramente focado na sua audiência, teria por defeito demasiados poucos leitores para que se justificasse a sua publicação. A rádio e televisão, por si definidas como mecanismos de transmissão para massas, pouco utilidade teriam a dar face ao aumento da diversidade de informações procuradas. O mais perto que conseguiam eram programas regionais integrados na transmissão geral, ou em casos em que se tratava de uma localidade suficientemente alargada para acolher a um canal dedicado ao conteúdo regional, acabava por crescer a níveis pouco pessoais.
Nichos com conteúdo de elevada concentração detêm de um verdadeiro valor para a audiência bem como para quem cria conteúdo, criando assim relevância, algo que em torno pode e deve ser explorado eficazmente no mundo digital. Enquanto o genérico, seja ele noticias, entretenimento ou negócios, torna-se cada vez mais banal sendo que o consumidor quer cada vez mais ter única e exclusivamente acesso à parte que lhe desperta maior interesse.
A forma tradicional de lidar com nichos tem sido através de revistas com temas específicos e newsletters sejam eles dirigidos a amantes de golfe, vela ou até costura – poucos tem conseguido medrar e muitos vão ter dificuldades em sobreviver. Um caso mediático foi o da revista Business 2.0 que se restringia aos melhores casos afectos por Web 2.0, mas em formato de revista impressa – eis uma ironia. Uma revista sobre as profundas alterações de físico para virtual, em formato de… físico.
Num muito próximo futuro, estes nichos serão servidos de forma mais eficaz através de uma estrutura de custos com maior sustentabilidade dado as economias envolvidas na convergência entre os meios e os seus próprios produtores de conteúdo. A própria convergência facilitará o crescimento de micro-nichos, deveras mais pequenos que os mesmos considerados pelo mercado tradicional do passado. Será assim possível servir subconjuntos de nichos existentes de forma mais rentável sendo que a partilha de produção de conteúdo, uma distribuição com uma maior simplicidade e eficácia, e um marketing ainda mais integrado, farão com que estes meios se tornem mais viáveis.
Quanto mais focado é o micro-nicho, maior o valor acrescentado se torna para os consumidores, produtores e por fim os anunciantes. Enquanto cada pessoa se importa por interesses cada vez mais personalizados, maior serão as oportunidades de se tornarem parte de uma relação relevante e com uma substância sem precedentes.
Porquê então, tanto interesse no número de followers, likes e contactos?
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