Durante a semana passada, alguns comentavam que era preciso ter grandes cohones para ter rejeitado a compra de Groupon pela Google no valor de $ 6 biliões de USD. Afinal, depois do IPO da Groupon, a empresa ficou a valer o dobro, ou seja $12,7 biliões de USD. Mas poucos dias depois, já só valia quase metade sem a oferta, e provavelmente sem o interesse da Google para a comprar.
São várias as razões pelo qual Groupon vê as suas ações a descer e é bem provável que esta tendência continue. Já tinha escrito as razões pelo qual não acredito, quer no modelo de negocio, quer no futuro da Groupon. Já são muitos os clientes que se queixão sobre o impacto negativo de utilizar um serviço como o da Groupon – não conseguem reter os clientes que vêm através das promoções, muitas vezes acabam por perder os clientes existentes e pelo meio só recebem 50% do valor já descontado que pode ir até os 70%.
Num periodo inferior a duas semanas, Groupon acabou por perder 1/3 do seu valor e este é um aviso para quem continua a pensar investir nos IPOs – sejam Tech ou não. Outros IPOs tem tido resultados semelhantes com a exceção de Google que abriu a $85 em 2004, um ano depois estava a $204 e presentemente está relativamente fixo a $570 USD.
É óbvio que a incerteza política e económica está a contribuir para este resultado mas a própria Groupon e o seu modelo de negocio é a principal preocupação de Wall Street.
Groupon está a ser alvo de uma feroz concorrência que inclui LivingSocial, da Amazon, e Google, para não falar nas centenas de plataformas que prometem o mesmo. A adicionar a isto, a Groupon nunca fez dinheiro e só este ano, já perdeu nos primeiros nove meses, $308 milhões de USD. Só em marketing, a Groupon queimou quase $1 bilião de USD e no percurso, teve que aumentar o numero de colaboradores para 10,400 – isto para convencer os comerciantes locais bem como desenhar as suas respectivas campanhas.
Short selling só vêm complicar mais ainda toda esta incerteza – um processo onde investidores utilizam fundos emprestados, vendem cedo na esperança de conseguir devolver esses valores, comprando as ações a valores mais baixos mais tarde.
As informações e forma como a Groupon apresentou os seus resultados, também levantou serias suspeitas que a empresa estaria a tentar melhorar a sua posição perante possíveis investidores, inclusivo inventando uma nova terminologia de contabilidade. Terminologia e cálculos que foram mais tarde obrigados a dispensar.
Mas a Groupon não é o único exemplo desta volatilidade. Outros como a Pandora Media Inc. viu as suas ações descerem 38% e LinkedIn que chegou a estar nos $100 USD está agora nos $66 – mesmo assim acima do valor inicial de IPO de $45. Mas ao contrario da Groupon, LinkedIn sempre teve um modelo de negócios sólido e não perde dinheiro, pelo contrário.
Irónico ver então que a maior campanha da Groupon é o desconto que estão a ser forçados a oferecer no que concerne ao valor das suas ações – soon to be a real bargain.
[…] de sempre, quando os mercados decidirem qual o seu valor. Nos últimos 12 meses já vimos Groupon, LinkedIn, Zynga e Pandora a estrearem-se na bolsa através de IPOs. Facebook é dos IPOs, o mais […]