Durante décadas, os consumidores têm sido interrompidos as vezes que as empresas acham necessário para que a sua mensagem seja ouvida. O que muitas vezes não perceberam é que o consumidor ouve bem, pode é não querer ouvir o que a empresa tem para transmitir.
A publicidade na televisão tem sido sempre uma contestação dado que a importância da publicidade nunca foi compreendida pelo consumidor. Mas no inicio era tolerado, mas rapidamente a industria de publicidade optou por obrigar o cliente a ouvir – afinal deveriam ser todos surdos.
O mais curioso é que com tempo, os anúncios tornaram-se cada vez mais altos especialmente em contrasto com a programação que os mesmos interrompiam. Chegou a existir uma competição entre as agências para ver quem conseguia transmitir a mensagem do seu cliente com o maior volume. Mas nunca ninguém pensou em fazer um anuncio que a audiência quisesse ver. Não, a opção foi sempre de obrigar quem não quer ouvir, a ouvir.
O aumento de tempo que cada bloco de publicidade ocupa entre a programação também começou alargar para dar face às oportunidades de inserir anunciantes que procuravam a massificação da sua mensagem. Presentemente, não temos só tempo para ir fazer um chi-chi como bem podíamos ir jantar fora – quando regressássemos pouco ou nada teríamos perdido.
Nos canais de cabo, onde o numero de anunciantes é menor, os anunciantes (e quem dirige os canais) optaram por repetir anúncios, lado a lado, para preencher quotas, nunca parando para questionar o impacto de um dejá-vu demasiado óbvio, por quem obriga a ver a mesma coisa repetidamente só por ter mais dinheiro que juízo.
Mas nos Estados Unidos, os consumidores fartaram-se e tanto reclamaram que a Federal Communications Comission acabou por se aliar ao consumidor criando a regulamentação necessária para limitar o nível de volume que os anúncios na televisão podem ter, pondo um abrupto fim aos abusos de anúncios estupidamente altos que irritavam todos e mais alguns.
Sobre a iniciativa CALM (calma), o nível de volume dos anúncios não pode agora exceder o nível mais alto do programa que interrompe e o nível mais alto não se pode manter durante a duração do anuncio. O que mais agrada a todos é que este tipo de regulamentação é fácil de monitorizar e obrigar o cumprimento do mesmo, com a mais simples tecnologia que já existe há anos.
O grupo responsável por esta iniciativa, o Consumers Union, explicou que:
We’re glad that consumers are finally going to get some relief from extra-loud TV ads. People have been complaining about the volume of TV commercials for decades. This law is a relatively simple and straightforward measure that has really struck a chord with consumers.
Como sempre, ficamos agora à espera que o bom senso atravesse o Atlântico para nos libertar do pesadelo que é a publicidade inoportuna.
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