O Walkman revolucionou a forma como podíamos ouvir música, mas o pequeno grande pormenor, além de ser móvel e de elevada qualidade, era o facto que podíamos partilhar o que ouvíamos com outra pessoa, carregando num botão para acionar o microfone para que nem tivéssemos que parar a cassete. Mas a verdadeira revolução chegou mesmo com o iPod e a quantidade de músicas que podíamos levar connosco, em formato digital.
Mais tarde a Apple voltaria a surpreender – antes do iPhone até ser falado, existia um descontentamento geral com a maioria dos telemóveis. O que nenhum de nós sonhava é que ao virar da esquina algo estava prestes a surgir que iria mudar tudo. Quando o iPhone foi lançado, o utilizador ficou deslumbrado – afinal era fácil fazer tudo, e mais, que queríamos de um telemóvel – o smartphone. Outros surgiram e temos hoje uma variedade de smartphones para todos os gostos, acessível à maioria.
Nos últimos dois anos, os rumores têm surgido sobre a Apple e a sua televisão, a não ser confundido com Apple TV. Mas nunca chegam a ter a intensidade de todos os outros rumores, e isso é porque nem todos têm a coragem de se colocarem por de trás desta afirmação. Muitos acham a ideia disparatado, e a futura concorrência prefere, mais uma vez, esconder-se por debaixo dos lençóis, do que enfrentar a verdadeira possibilidade de verem o seu segmento ser também brutalmente alterado.
Durante as ultimas semanas, executivos da Apple têm estado em discussões com os principais executivos das maiores empresas de media, a partilhar a sua visão do futuro da televisão. Esta visão passa por ter uma televisão que recebe conteúdo através de wireless, reconhece utilizadores através de iPhone, iPad e televisão, enquanto responde às vozes e movimentos de cada um – não sendo, provável, que a ultima esteja para breve.
Mas para garantir o típico segredo da Apple, os executivos têm sido muito vagos, preferindo não elaborar sobre o software ou modelos de negocio para a distribuição (licensing) do conteúdo. Mas uma coisa é certa, todos ficaram convictos que a Apple está de facto neste momento a seguir uma estratégia para criar a sua própria televisão.
Esta convergência e interdependência de equipamento faz com que um utilizador veja um filme na sua televisão, podendo pegar no seu iPad para continuar a ver onde ficou. Enquanto executivos da Apple falam de telemóveis e tablets, assumi que na realidade estariam a falar de iPhone e iPad com o sistema operativo iOS como base central de gestão da televisão e iCloud no armazenamento de todo o conteúdo.
Mas parece que as empresas aprenderam algo com o iPad – nunca mais vão querer ser apanhadas desprevenidas e incapazes de reagir a um ataque tão brutal. O que não aprenderam é que o nível de exigência que têm com os seus produtos não chega, se querem concorrer frente a frente com a Apple e ter alguma possibilidade de vencer ou ficar por perto do segundo lugar.
Google continua a desenvolver Google TV software com base em Android mas independentemente de não estar a ter grande sucesso, Eric Schmidt já afirmou nas ultimas semanas que metade das televisões em 2012 vão ter Google TV. Muito em breve iremos saber pois é no CES 2012 que tudo é anunciado e nos vamos estar lá ao vivo.
Microsoft aposta através da sua consola de jogos, a Xbox, que faz streaming de vídeo, além obviamente de ser um Blu-ray player e consola de jogos. Outras empresas, nas áreas de cabo, satélite e operadoras de telemóveis, estão todas a desenvolver o seu próprio software de serviço de vídeo para o computador, tablet e telemóvel, em alguns casos reformatando os seus interfaces tradicionais para se assemelharem ao pretendido.
Mas para mim não existe qualquer duvida que a Apple irá lançar uma televisão. Porquê? Porque comprei uma televisãoo LCD LEDS da LG com acesso a internet e tudo que não seja ver televisão compara com a experiência mais absurda que poderá imaginar. Muito pior que utilizar um telemóvel pré Apple (iOS) e Google (Android). Sinceramente, não vejo alguma vez enfrentar de novo o software da LG.
Mas existem outras razões, claro. Nos seus últimos dias, Steve Jobs falou com Walter Isaacson, o biógrafo que estava a acabar o seu livro, confiando que ainda queria reinventar a televisão.
No seu livro, Isaacson cita Jobs:
“‘I’d like to create an integrated television set that is completely easy to use,’ he told me. ‘It would be seamlessly synced with all of your devices and with iCloud.’ No longer would users have to fiddle with complex remotes for DVD players and cable channels. ‘It will have the simplest user interface you could imagine. I finally cracked it.'”
Este paragrafo deixou muitos a pensarem no que é que Steve Jobs teria descoberto? Só podemos mesmo assumir que como todos os outros produtos da Apple, a televisão será simples, suave e universal, com o potencial de completamente alterar a forma como vê televisão.
Imagine um iPad de 50 polegadas que reconhece comandos de voz, utilizando Siri, e dispensa com todos os comandos desajeitados que tem dispersos pela sala fora. Tudo o que quiser, irá encontrar, simplesmente pedindo. Nunca mais vai ter que passar de aparelho para aparelho. Poderá controlar a televisão através do computador, iPad ou iPhone.
Mas porque tem levado tanto tempo para lançar algo tão óbvio? Simples – conteúdo. Ao contrario de muitas outras marcas, Apple só lança o produto quando acredita dominar o mercado, e quando acredita ter o produto no ponto que sempre visionou. Para que a televisão seja lançada, produtores de programas de televisão, estúdios de filmes e empresas que fazem jogos de computador, vão ter que estar todos, ou a maioria, alinhados. Da mesma forma que iTunes só funcionou com a maioria das editoras a concordarem em ter o seu conteúdo lá – e muitos só perceberam que era imperativo após os seus próprios falhançaos a tentar fazer o mesmo.
Mas o problema para quem opera neste segmento, como a Samsung e Sony, é que a competição com base no preço quase que tornou o LCD num bem comum. Apple não vai querer ter nada a ver com isso – como sempre está interessada no high-end e quem opera a esse nível, como a Bang & Olufsen, estará a correr sérios riscos.
Irónico que Stebe Jobs foi conhecido pela sua frase “just one more thing,” e desta vez nada mudou pois a televisão será a sua ultima “one more thing”.
(imagem: Guilherme Schasiepen)
[…] ler mais sobre a razão pelo qual a Apple irá certamente apostar na televisão, deverá aceder a este nosso artigo.#dd_ajax_float{background:none repeat scroll 0 0 #edeff4;border:0px solid […]