Um dos argumentos mais ouvidos na arena política centra-se sempre em torno dos empregos que a China e Índia nos roubaram, nomeadamente no sector industrial. Mas ao que parece, não perdemos com isso.
Um estudo de July 2011 intitulado “Capturing Value in Global Networks: Apple’s iPad and iPhone” é uma analise de quem e quanto recebem da venda do iPad e iPhone. O estudo é interessante pois demonstra que o que muitos assumiram durante muito tempo é na realidade errado.
This article analyzes the distribution of value from innovation in the global supply chains of the Apple iPad and iPhone. We find that Apple continues to capture the largest share of value from these innovations. While these products, including most of their components, are manufactured in China, the primary benefits go to the U.S. economy as Apple continues to keep most of its product design, software development, product management, marketing and other high-wage functions in the U.S. China’s role is much smaller than most casual observers would think. A key finding for managers is that they need to beware of relying too heavily on single customers. With its control over the supply chain, Apple has the power to make and break the fortunes of many of its suppliers. A key finding for policymakers is that there is little value in electronics assembly. Bringing high-volume electronics assembly back to the U.S. is not the path to “good jobs” or economic growth.
Mark Perry criou uns gráficos para mais facilmente perceber os resultados do estudo.
As conclusões do estudo revelam que o fabrico do iPad e iPhone, em termos de custo com pessoal, representa 2% e são estes 2% que muitas vezes são dados fora de contexto para o alimentar o argumento que os Chineses e Indianos andam-nos a roubar o emprego.
Estes 2% fazem com que seja impossível aumentar os miseráveis ordenados que recebem na linha de produção da Foxconn bem como insistir em melhorarem as condições – por menos enquanto a Apple, e noutros casos outras empresas, define o preço e a sua margem.
O fabrico de produtos electrónicos já não representa um emprego de valor acrescido. E se as margens são minúsculas, os valores que as Foxconns têm para pagar são igualmente baixas, tão baixas que nunca poderiam existir na Europa ou Estados Unidos – ninguém iria alguma vez trabalhar por esse valor.
O problema reside mesmo com a Apple e a margem que não está disposta de abdicar bem como o preço que não quer subir, tendo já levado todos os fornecedores ao limite.
A Samsung produz na Europa mas o numero de postos de trabalho é muito reduzido – os colaboradores são assistidos por maquinas, muitas maquinas. Se por um lado muitos empregos disponíveis da Apple são mal pagos e os bem pagos da Samsung são poucos, a conclusão é algo a que já tínhamos chegado – o verdadeiro valor não está no fabrico. O dinheiro está na capacidade intelectual, na criatividade, marketing e design. Basicamente em qualquer área que não seja facilmente substituída por uma maquina ou um desgraçado a ganhar uma miséria.
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