Uma das maiores preocupações para os startups é como vão conseguir ter um retorno financeiro após o seu lançamento. Quase todos, utilização erradamente, o modelo de negócios com base na publicidade. E a Microsoft demonstra agora porque é errado utilizar esta estratégia.
Existe um conflito neste momento para o utilizador que se centra no desejo do mesmo ter maior privacidade enquanto é sujeito a publicidade relevante – é impossível. A relevância só se consegue ao custo de menor privacidade. Se um utilizador português não quer levar com publicidade sobre aulas de português, vai ter que da acesso à sua nacionalidade e/ou onde vive. Este é um pequeno exemplo.
Até agora, a opção era do utilizador de bloquear, ou não, o acesso de terceiros a informação que inclui o nosso histórico na Web, comportamento online e inúmeras outras informações que facilitam o trabalho às empresas que querem lhe proporcionar a melhor e mais relevante experiência online. Mas a maioria escolhe, ou ignora, não desligar essa opção. Por defeito, a opção de “do not track” está desligada.
Mas a Microsoft decidiu alterar tudo colocando essa opção, na nova versão do seu browser – Internet Explorer, por defeito ligada, e mais uma vez, a maioria dos utilizadores não a vão alterar. Não vão perceber os benefícios mesmo que tenham que abdicar da sua privacidade online.
Quando um utilizador for a um website, vai estar a dar a indicação que não quer que sejam utilizados os correntes mecanismos para gravar tudo que o utilizador faz. Desta forma, vai ser impossível saber quem está a ver o quê, fazendo com que os anúncios sejam todos genéricos ou uma autentica suposição. Será masculino, adolescente, falará Inglês, onde poderá viver, o que quer ver? etc.
Vamos assim voltar à era da Viagra, comprimidos para perder peso, ganhar cabelo e/ou maquina dos peidos. Se quiser mesmo ter anúncios relevantes, vai ter que tomar a decisão consciente de desligar o bloqueio.
O problema reside no facto que a maioria dos utilizadores não têm a mínima ideia porque deverão optar por desbloquear o acesso a terceiros, muito menos como o fazer.
Mais uma vez parece existir um desconhecimento, ou desinteresse, em discutir os problemas na sua raiz em vez ter legislação radical e irrelevante ao presente mundo digital. Existe uma importante diferença entre o que as empresas estão dispostas a fazer para respeitar a privacidade dos utilizadores e o que os intelectos procuram com o “do not track”. Seria o equivalente de amanhã proibir veículos no mundo simplesmente porque os mesmos têm um impacto negativo no que concerne à poluição. Se por um lado queremos todos viver num mundo verde, por outro, não podemos de repente abdicar de algo importante, para não dizer fundamental.
Mas todos têm a sua culpa nesta balbúrdia – as empresas aceitaram não mostrar anúncios com base no seu histórico, ou seja na informação sobre o que vê online. Mas ao mesmo tempo, continuam a recolher essa informação, algo que representa de facto, uma invasão da privacidade de cada um de nós. Está tudo errado. O que deviam fazer é mostrar anúncios com base no que estamos a ver, escolhendo não recolher informação, muito menos armazena-la. Enfim. Interesses.
Com a ganância, acabaram por ficar com as medidas que causam maior preocupação de privacidade enquanto abdicaram do que tem maior valor económico. Quem tudo quer, tudo perde. E neste caso, ficamos todos a perder.
O que fica por perceber é a motivação da Microsoft para tomar uma medida tão radical. Desistiram do Bing? Da publicidade? Ou querem simplesmente fechar a torneira a terceiros? Seja como for, esta medida é radical e eu não consigo perceber porquê.
Imagem: VentureBeat
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