Quando recebo um convite de amizade no Facebook, vou sempre ver o perfil da pessoa. O que procuro é transparência, ou seja pessoas que partilham suficiente informação para tomarmos uma decisão; relevância, ou seja se a pessoa é relevante para mim nas varias vertentes em que estou presente; e quais as suas amizades.
Hoje encontrei um pedido de uma pessoa, e quando fui ver o perfil, vi alguém que trabalha na Microsoft – segui para o seu perfil e encontrei no seu mural algo que me intrigou – um post com o seguinte texto “A Microsoft e a PT acreditam que a sua empresa é grande!” e um link para sejagrande.com.
A PT, a Microsoft e uma enorme promessa, ser grande. Fui logo ver. Mas fiquei surpreendido, e não pela positiva. Uma enorme perde de oportunidade. Um microsite dedicado, simplesmente à venda de produtos. De imediato escrevi à pessoa e aguardo uma resposta. Mas não consegui esperar.
É que poucos minutos depois, encontrei um dos mais recentes relatórios do Altimeter Group, escrito pela Rebecca Lieb, intitulado “Content: The New Marketing Equation: why organizations must rebalance.” Altimeter Group é um excelente exemplo de uma empresa de market research que tomou a opção de publicar os seus relatórios de forma gratuita, ao contrario da maioria dos seus concorrentes que cobra por este serviço.
O problema é muito simples. Enquanto nos preocupamos com as ferramentas todas que existem e vão surgindo a uma velocidade quase alucinante, esquecemo-nos do mais importante – conteúdo. Muitas vezes sou abordado por marcas que querem utilizar todas estas ferramentas mas quando lhes pergunto sobre que conteúdo pretendem utilizar, a melhor resposta acaba por inadvertidamente ser, o press release – e isso não é conteúdo.
Conteúdo é composto por histórias, pessoais, transparentes, humanas, cujo verdadeiro valor vem do ângulo – da abordagem. É muito mais interessante ouvir uma experiência de alguém que conseguiu o impensável ao utilizar o serviço ou produto x. Nenhuma listagem de especificações técnicas vão nos dar o conhecimento necessário para perceber a sua mais valia.
Estamos atormentados com o síndroma de objetos brilhantes, um enfoco nas mais novas ferramentas que acabaram de surgir, sem que tenhamos o tempo ou capacidade de pensar qual o conteúdo que irá alimentar todo este processo. Muitas vezes, essa paralisia, leva-nos a utilizar ferramentas sem que se perceba muito bem qual a verdadeira mais valia. Mas temos que ser mais sensíveis ao conteúdo que irá ser partilhado, aquele que é criado pela marca, e pelo consumidor.
Recomendo assim que leiam e que tirem partido da oportunidade que o Altimeter Group nos dá de compreender a metodologia que surgiu do estudo efectuado a mais de 50 marcas, agências, vendedores e experts nesta matéria, para compreender as mudanças e necessidades de uma nova realidade.
Alguns dos pontos que surgem em destaque:
- A importância da visualização de informação – vídeo, imagem, infographics, etc.,
- A segunda mais citada área de importância para a correta utilização de conteúdo é mobile e location based marketing;
- Desenvolver e incorporar os procedimentos para responder em tempo real através dos diversos canais sociais (social channels);
- Concentrar nos melhores canais existentes – search e conteúdo escrito – em vez de ir atrás de cada nova ferramenta que surge – muito interessante que pareça;
- Um aumento de orçamento para que se integre a utilização de vídeo e mobile a um superior nível de produção – mas não tem que ser, e muitas vezes não deve ser, demasiadamente profissional para que não perca o fator humano;
- O press release deve ter várias versões para diversos tipos de audiência. Cabe à marca e não a quem recebe o press release, de encontrar a história ou o momento, que torna o serviço e/ou produto relevante, diferenciador e necessário.
RedBull é um dos casos mais interessantes a surgir do mundo do conteúdo. Com o seu site e com todo o conteúdo que a marca produz nas suas variadas frentes, faz com que uma bebida que sabe a liquido para as baterias de automóveis, seja mais que uma bebida e sim um lifestyle. Mas lifestyle é o resultado e não o que os marketers decidiram o chamar. Em torno do lifestyle, vem a comunidade, e com a comunidade a mover-se, vem o que se procura como resultado final – um movimento.
Neste caso especifico, da Microsoft e PT, com o seu conceito “Seja Grande”, esperava-se algo semelhante ao da Altimeter Group: “use it, share it, and we’ll create more.”
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