O mundo necessita de noticias com mais introspeção agora mais que nunca. Temos assistido a uma mudança radical na forma como a noticia é reportada e como a mesma chega a nós, seja ela comunicada através de social media ou canais tradicionais. O conteúdo e contexto que cada noticia nos traz, faz com que esta seja a altura mais interessante de sempre mas de igual forma exigente.
O casamento Britânico e a morte de Osama Bin Laden demonstraram dois extremos da noticia onde vimos a integração de social media com os meios tradicionais. Por um lado, o casamento de William e Kate utilizava todos os meios de social media para garantir o maior reach possível – um exemplo foi o streaming do acontecimento no YouTube. Por outro lado, assistíamos a um acontecimento secreto, testemunhado e relatado ao vivo, mesmo sem nos apercebermos.
No que concerne à noticia e a sua primeira divulgação (breaking news), twitter tem tido um papel fulcral na velocidade a que recebemos agora noticias de praticamente qualquer canto do mundo. Mas a sua limitação de 140 caracteres, bem como o facto de qualquer um estar munido da necessária tecnologia para criar uma noticia, assegura o futuro de bom jornalismo – até porque Twitter e Facebook são alguns dos meios utilizados hoje por praticamente todos os jornalistas.
Mas enquanto Twitter e Facebook dão-nos a iminência que julgamos necessitar, as noticias nem sempre são de confiar. Enquanto que foi no Twitter que soubemos que Michael Jackson tinha morrido, foi também no Twitter que soubemos da morte de Justin Bieber – e para quem não sabe, ele está bem vivo.
CNN, com 9 milhões de visitas únicas por dia (ComScore Average daily unique visitors – 3 month) tem preenchido a necessidade de ter noticias atualizadas bem como informação com mais introspeção permitindo ao utilizador usufruir de uma vasta equipa de profissionais que tem o cuidado, e obrigação, de validar a informação que apresentam.
Duas áreas de crescimento tem sido o vídeo como suporte de noticia bem como os diferentes mecanismos permitindo um acesso à informação através de mobile. A cobertura de noticias através de vídeo tem tido um enorme crescimento online tendo atingido um pico durante os eventos mais recentes no Japão. O global reach da CNN resultou num incrível pico de trafego durante o terramoto e consequente Tsunami no Japão.
Em termos de mobile, CNN já conta com mais de 3 milhões de iPhone apps descarregados. Se adicionarmos o mercado internacional (excluindo US), os apps descarregados sobem para 4 milhões e com o iPad, o reach da CNN através de apps ultrapassou os 7 milhões. Muito deste aumento no uso dos seus apps foi resultado de eventos globais específicos que levaram os utilizadores a querem estar conectados durante o dia aos acontecimentos. Mas a experiencia do utilizador tem de ser indígena e única ao sistema operativo e os aparelhos em que são utilizados.
A experiência de vídeo tem sido impulsionada através destes apps com mais de 100 milhões de streams por mês. Durante o mês de Julho, a CNN lança a sua nova plataforma de vídeo e utilizou o Mashable Connect 2011 para apresentar o seu novo serviço – e é mesmo impressionante. Kenneth “KC” Estenson, senior vice president e general manager da CNN.com demonstrou num iPad a nova plataforma de vídeo bem como todas as novas funcionalidades introduzidas a pensar sempre na experiência do utilizador.
A inspiração da nova plataforma de vídeo veio do melhor que já existe no mercado, nomeadamente da Vimeo, Hulu (conteúdo premium), YouTube (serendipidade e ubiquidade – inovação da publicidade online) e Netflix (video on demand). KC e a sua equipa foram beber do melhor que existe mesmo que nenhuma destas plataformas opera no ambiente de noticias.
A nova plataforma de vídeo da CNN opera na visualização de full cinematic view – a mais alta qualidade de imagem disponível para as noticias (o mais perto do verdadeiro HD). Na página de vídeo, o utilizador vai ter a oportunidade de criar o seu próprio canal personalizado – a sua própria versão da CNN. O utilizador vai poder escolher os vídeos de seu interesse. Ao lado aparecem outros vídeos escolhidos contextualmente podendo o utilizador mudar de full view para aggregated view e vice versa.
Uma das características que gostei mais foi o facto de se o utilizador pausar um vídeo online e depois mais tarde aceder à sua conta no iPad, o mesmo encontrar-se-á onde ficou da ultima vez – a portabilidade existe entre a versão online da CNN, o iPad, iPhone e Android podendo inclusivo incluir a sua televisão em casa caso tenha a opção de Web. Não só pode retomar as noticias independentemente da hora ou local, bem como irá ter acesso sempre às suas noticias personalizadas.
A CNN reconhece que o mercado em que opera é muito diferente daquele que conhecia há uns anos atrás e será ainda mais diferente no futuro. Reconhece de igual forma que serviços como o Twitter são de facto uma ameaça mas dado a instável qualidade da noticia reportada através deste tipo de serviço, será a questão de confiança que irá inevitavelmente jogar a seu favor.
Na sua área de mobile, KC sabe que a velocidade e a atualização são factores cruciais para o seu sucesso – não é, nem nunca vai ser, fácil. O reach da sua distribuição é uma constante dor de cabeça, mas para assegurar a competitividade, é necessária. Só no casamento Britânico, a CNN tinha mais de 50 jornalistas no local. Para lidar com estas nuances, a CNN tem inovado introduzindo conceitos como o iReporter, que mesmo sendo controverso na altura, com tempo revelou-se uma das mais importantes apostas da CNN.
iReport consiste de 700,000 iReporters que submeteram artigos e informação de praticamente todos os países do mundo. Após os acontecimentos no Japão, a CNN levou 36 horas para coordenar e implementar a mudança de jornalistas de várias partes do mundo para o Japão. Durante este período de 36 horas, foram os iReporters que preenchiam algum do conteúdo necessário.
Contudo, a CNN prepara-se para o novo desafio da experiencia na web personalizada. Até porque conteúdos produzidos para a televisão (consumo massificado) são diferentes daqueles necessários para a Web (consumo personalizado). Web tem de ser mais expansiva onde se tem que falar às paixões de cada um. CNN tem mais de 250 pessoas a trabalhar neste desafio – na sua equipa digital. O seu grande trunfo é que a maioria do conteúdo é criado pela CNN para a CNN, não dependendo assim de terceiros.
Para a CNN, o futuro é TV anywhere…
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