Ultimamente tem existido um esforço colectivo para perceber melhor o aumento acentuado dos hábitos de consumo de media desta nova geração. Esta preocupação, legitima, resulta do medo que temos dos nossos filhos tornarem-se viciados em media desenvolvendo assim um reduzido nível geral de atenção mais parecido com a de um peixe.
É compreensível dado que, hoje em dia, adolescentes consumem muito media mesmo. Conforme um estudo da Kaiser Family Foundation, a quantidade total de media exposta a crianças dos 8 aos 18 anos, num dia típico, aumentou para 10 horas e 45 minutos – em 1999 era 7 horas e 3o minutos.
Tendo em conta que crianças necessitam 8-10 horas de descanso, ficam assim só com 4-5 horas para livrarem o seu cérebro de distrações
Se adicionarmos o facto que presentemente que as crianças não consomem só um tipo de media de cada vez, ou seja fazem multi-tasking, acabam assim por consumir vários tipos de media ao mesmo tempo. Este factor diminui a sua capacidade de concentrar numa tarefa especifica e aprofundá-la mais. O resultado é uma noção superficial de tudo – saber pouco de muito.
Enquanto o Joãozinho ouve Green Day no seu computador no iTunes, a televisão do quarto continua de forma quase continua ligada à MTV, navega curtos e muitos momentos no YouTube através do iPad do seu Pai e gere várias conversas através de SMSs com os seus amigos – isto se por acaso não tive o Messenger aberto enquanto verifica minuto a minuto o que muda na vida dos seus amigos através do Facebook. De repente lembra-se que tem ignorado a sua conta do MySpace – é que já passaram algumas horas desde da sua ultima atualização.
Como muitos outros da sua idade, a sua atenção estão em todo lado enquanto está em nenhum lado.
A razão que o mercado está tão preocupado em perceber como e onde esta nova geração utiliza media é porque a informação recolhida acaba por formar uma visão do futuro possível – uma espécie de bola de cristal – profetizando para onde os hábitos de consumo de media destas crianças caminha.
Para quem produz conteúdo, está em marketing e/ou publicidade, este estado colectivo de atenção parcial implica que marketers vão ter que repensar em alterar a forma como a audiência interage durante o escasso tempo que está em contacto com media.
A produção de uma maior quantidade de media, de elevada qualidade e relevância, é a única forma de se manterem ativos na mente de quem os interessa. Se as sensações, como Friday, ensinaram-nos alguma coisa é que os adolescentes estão a redefinir a forma como a cultura é criada, o conteúdo consumido e como interagem com media.
Como todas as gerações antes, adolescentes presentemente não querem os adultos a definirem o que é cool e importante para eles Não têm interesse algum em tornarem-se recipientes da nossas culturas imperativas, mas sim juízes das mesmas.
Ao observar esta nova geração para prever o futuro dos nossos próprios hábitos de consumo, uma coisa torna-se evidente: enquanto as formas do consumo vão continuar a fragmentar-se e mudar, os fundamentos de interação não irão mudar. Na realidade estamos a criar um mini monstros de consumo de media, mas estas miniaturas são somente uma imagem reflectido de nós próprios.
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