Desde o inicio, o mercado assumiu que existiam dois modelos online distintos – open e closed. E esta diferença acabou por criar dois tipos de seguidores muito distintos.
O modelo closed (fechado) é epitomizado pela Apple com a sua obsessão pelo controlo e ausência de formas para o seu cliente alterar o seu produto. A app store da Apple sempre foi criticada por alguns por ser muito rígida na sua validação de apps bem como a sua postura em algumas questões de moral – por exemplo a ausência de apps com conteúdo sexual.
O modelo open (aberto) foi sempre a base em que Google cresceu e desenvolveu os seus produtos, admirados por hackers, liberalistas e inovadores – aqueles que gostam de desmontar, partir, analisar e reconstruir de forma diferente. O inicio do Android revelava a cultura do Google – aberto para ser adaptado e reinventado.
Mas algo aconteceu pelo caminho. Se por um lado discutia-se os méritos de open vs. closed, em muitos casos acabava por ser Apple vs. Google, por outro, ambos seguiram o mesmo caminho mas com modelos diferentes, deixando alguns curiosos para ver se o resultado poderia de facto revelar a possibilidade de ambos existirem e com sucesso.
Mas enquanto Apple seguiu sempre o seu percurso, cada vez mais fechando o seu modelo para minimizar qualquer interferência exterior, Google chegou a um ponto complicado. Tinha a sua versão de Android, com base no sistema Linux, em open source, mas quando lançou a versão 3 do Android, a sua abertura estava agora fechada a outros.
Desde então que a sua opção assumidamente open, fica cada vez mais cocha. E agora, ficamos a saber que Google anda há meses, discretamente a policiar a sua própria app store online.
O seu novo sistema Bouncer, passa o tempo a varrer a sua loja de apps à procura de malware nas apps de terceiros. Isto porque o resultado da sua abertura, deu aso à introdução de inúmeros vírus e malware.
Se por um lado percebe-se perfeitamente este cuidado necessário por parte da Google, por outro altera a sua previa estratégia de abertura que passa o ónus da responsabilidade e integridade de cada app para o respectivo developer. Mas o elevado numero de apps que estavam a usufruir desta abertura para enganar os utilizadores Android, tornou este modelo insustentável.
Bouncer está a ter o desejado impacto, dado que já se verificou uma descida de 40% de malware nos apps disponíveis para aparelhos com Android.
Lookout, uma empresa de segurança, publicou em Dezembro de 2011 um estudo que quantificava os danos de malware acima de $1 milhão de USD para os utilizadores afectados.
Bouncer define uma nova direção na estratégia aberta do Google, que até há pouco tempo, geria a sua plataforma de apps de forma descontraída, em total contrasto à Apple que sujeita cada app a um processo de validação rigorosa.
Na realidade a estratégia de total abertura tem ajudado ao forte crescimento da sua app store ajudando também em concorrer ferozmente com o iOS mas estes exemplos de “interferência” vão certamente continuar a espalhar-se fazendo com que muitos questionem se open é de facto melhor que closed.
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