Com o facto de estar directamente ligado ao momento do desaparecimento do seu criador, o iPhone 4S será possivelmente o menos exaustivamente analisado de todos os produtos lançados pela Apple nos últimos anos.
Contudo á quem não descure a procura de uma nova maneira de utilizar a plataforma para outras potenciar outras aplicações e descobrimos que há pelo menos uma nova característica que promete vir a ser revisitada como aquela que introduziu no consumidor a noção de Body Computing ou – vá lá, um pouco mais geek – “Body Area Network” via BLE (Bluetooh Low Energy standard)
Este “standard” tinha já sido apresentado no ano passado pelo SIG (Bluetooth Special Interest Group) e reunia características inovadoras como:
- – Consumo de energia ultra-baixa em qualquer modo (peak, average or idle)
- – Possibilidade do dispositivo permanecer activo anos seguidos somente suportado por baterias padrão tipo “coin-cell”
- – Custos reduzidos
- – Interoperabilidade multi-fornecedor
- – Raio de alcance maximizado
Mais uma vez a Apple foi o primeiro fabricante de “consumer goods” a incorporar Bluetooth 4.0 nos seus produtos (MacBook Air e Mac Mini). Claro que outros fabricantes tentaram recuperar desta desvantagem e imediatamente seguiram este exemplo.
Mas o aspecto mais importante para nós, na comunidade das Tecnologias de Saúde, o que diferencia a Apple de todos os outros fornecedores é a base de consumidores ávidos de novas utilizações deste tipo de tecnologias e que impulsiona e dá suporte a criadores de aplicações em áreas ainda por explorar, como sejam “body computing” ou “wearable sensor networks”.
Lembram-se de um cartoon recente celebrando Steve Jobs “I got an App for that…”?
A empresa americana de estudos de mercado focada na área da Saúde, a IMS Research, prevê que com esta decisão de incorporar a tecnologia Bluetooth 4.0 no seu iPhone 4S a Apple vai estimular o desenvolvimento do mercado emergente de dispositivos médicos portáteis incorporando tecnologia baseada no protocolo BLE para comunicações – alguma coisa como passar de uma produção de 370 mil unidades em 2012 para 1.6 biliões em 2015.
O mercado de aplicações médicas sem fios será o mais atractivo para concretizar na prática os benefícios desta nova tecnologia de comunicação e partilha de dados – onde será que já ouvimos este “motto”?
Várias empresas já desenvolveram conjuntos de chips Bluetooth Low Energy, entre as quais a Broadcom, CSR, TI e Nordic Semiconductor.
Na área das Tecnologias da Saúde o primeiro monitor de batimentos cardíacos com Bluetooth 4.0, utilizando um conjunto de chips da Nordic Semiconductor, foi apresentado em Junho último .
No nosso País várias start-ups estão prontas ou mesmo a utilizar esta tecnologia para dispositivos semelhantes (Biodevices, Pluxx, Critical Health, Intellicare, etc). No Instituto de Telecomunicações, no IST – Lisboa, estão em desenvolvimento antenas específicas para estes protocolos.
Uma vantagem no desenvolvimento adoptado via conjunto de chips tem sido a retro-compatibilidade, logo a BLE não veio para substituir os anteriores protocolos Bluetooth já em utilização na maioria dos dispositivos médicos portáteis existentes, de modo a manter os ciclos de vida projectados para estes produtos. Esta estratégia levou á ligação num único conjunto unificado de vários chips, incluindo “Closed Bluetooth”, Bluetooth Highspeed” e “BLE”.
Uma das vantagens facilmente mesuráveis do novo standard sobre outros protocolos de comunicação tipo “personal area network” – como a Near Field Communication (NFC) que é actualmente a tecnologia dominante para comunicações wireless de baixo consumo – tem a ver com o raio de acção: passamos de 0,2 metros com a NFC para uns impressivos 50 metros (!) com a BLE.
E mais uma vez devido á visão inovadora de um homem/equipa em implementar e apostar em tecnologias com futuro e torna-las o mais fácil de utilizar, a comunidade médica tem boas razões para acreditar que o futuro de “Body Computing” que não passava de especulação e imaginação pode estar diante de nós todos!
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