A expressão em Inglês é “The Sleeping Giant” por isso parece-me bem ser o gigante adormecido em Português. Seja quem for, o IPO do Facebook e a sua nova avaliação, acordou muitos para a realidade.
Se por um lado Mark Zuckerberg e a sua equipa têm mérito por construir o Facebook, onde estariam se ninguém colocasse as biliões de fotografias, comentários, vídeos, histórias, amigos, inimigos, família e tudo o resto?
Mas o que fez muitas pessoas pensar no assunto foi uma fotografia publicada com colaboradores do Facebook agradecer aos utilizadores por… e este é o problema. Provavelmente queriam agradecer por ter ajudado Facebook a chegar onde chegou, mas alguns daqueles na fotografia provavelmente estariam agradecer o facto que vão ficar milionários, graças a… si, mim, e todos os outros.
O modelo de negócios do Facebook é simples, mesmo que não seja tão fácil de o concretizar. Mas assenta basicamente no principio que eles criam a plataforma, nos enchemos com todo o nosso conteúdo e eles, ao colecionar o máximo de informação sobre cada um de nós, vendem-no a terceiros.
Os utilizadores têm publicado e partilhado os seus dados todas as vezes que um novo serviço surge. Mas cada vez mais, menos é pedido como “preço” de entrada pois alguns já começaram a perceber que perdem novos utilizadores caso peçam mais que o primeiro nome e email.
O que temos estado a testemunhar é, uma mudança de conteúdo pessoal a ser publicado sem grande pensamento, para alguns que começam a questionar não sou a questão de privacidade como também o valor que cada um de nós supostamente tem, para quem nos convida para a sua nova plataforma. A quantidade de informação está cada vez mais a tornar-se numa espécie de moeda online, onde a troca só vai existir com algo semelhante em recompensa.
A avaliação de $100-130 biliões já fez com que alguns questionem qual o seu retorno de tal negocio. Para alguns dos novos startups, como já perceberam para onde caminhamos, anteciparam o mercado e começam a oferecer uma compensação pela quantidade e qualidade de conteúdo que publicamos bem como o numero de amigos e a respectiva influência de cada uma, tudo equacionado para fazer um negocio para que ambas as partes fiquem a ganhar.
Mas como podemos fazer tal negocio? Não me parece que isto caminhe para uma espécie de esquema de pirâmide. O que pode acontecer é receber, por exemplo, um voucher de uma marca que goste por um valor estabelecido, quando preenche parte do seu perfil, convida x numero de amigos, ou partilha alguma informação para utilização por terceiros.
Na realidade o futuro de conteúdo como moeda está mais nas mãos do utilizador do que em todos os apps ou serviços que surgem para este efeito. Neste momento não existe ainda a procura e duvido que algo aconteça sem que se encontre qual o ponto de viragem onde o utilizador decide que o que lhe estão a oferecer vale mais que o retorno e a simplicidade de publicar e partilhar o seu próprio conteúdo. Como sempre, o problema é conseguir o suficiente interesse para que as massas adoptem tal serviço. Caso isso aconteça, pode bem esperar uma mudança radical nas redes que existem presentemente. As redes não têm obviamente qualquer interesse em tal esquema – afinal porque pagar por algo que neste momento conseguem gratuitamente e em abundância?
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