No dia em que a Samsung decidiu enfrentar a Sony Bravia com os seus novos LCDs, a preços mais baixos, foi o dia em que o mercado dos LCDs ficou marcado para se tornar num bem comum. Dias depois, a Sony baixava os seus preços e a guerra começou.
Agora, a Sony e a Samsung juntaram-se para forçar os retalhistas a não venderem os seus LCDs a preços descontados, isto para ambas as empresas evitarem ir à falência, pelo menos neste sector. Mas quem fabrica LCDs não são os únicos a sofrer – Best Buy (decréscimo de 25% no ultimo trimestre) e Target, os maiores retalhistas americanos, também sofrem e muito, anunciando o fim de inúmeras lojas mundialmente.
Mas esta nova estratégia é demasiada arriscada, simplesmente pelo facto que chega tarde de mais. Ambas as gigantes de produtos electrónicos, querem evitar que os retalhistas anunciem e vendam dos seus dispositivos, quer online, quer offline, a preços inferiores aqueles estipulados pelos fabricantes.
O problema reside no facto que os restantes fabricantes, LG, Panasonic e Sharp, não fazem parte desta iniciativa, e até poderão ganhar com esta estratégia, pelo menos a curto prazo, tornando os seus próprios LCDs numa alternativa ainda mais acertada, claro a um preço inferior.
“We don’t think we should dictate policy between a retailer and a customer transaction,” foi a resposta da LG através do seu diretor de LG Home Entertainment business, Jay Vandenbree.
Mas mesmo que a Sony e a Samsung conseguissem convencer todos os outros fabricantes a alinhar nesta estratégia, os resultados não seriam positivos. O consumidor, que já têm uma televisão, ou seja um bem comum, iria reagir da pior forma possível – não trocava a sua televisão, pelo menos não ao atual ritmo.
Nos últimos três anos, o preço médio de uma televisão flat-screen, baixou em 15% afectando as já muito curtas margens. Não é por acaso que a Sony, Panasonic e Sharp anunciaram prejuízos avultados nos últimos trimestres. Só a Samsung é que se conseguiu separar das restantes através da sua estratégia e sucesso de expansão para mercados verticais ou até diferentes mercados – smartphones e tablets.
Os preços dos LCDs continuam a cair enquanto os tamanhos dos ecrãs aumentam. Mas o fenómeno de “showrooming” também tem a sua quota de responsabilidade no decréscimo de vendas nos retalhistas offline. “Showrooming” é quando o consumidor vai ver e comparar produtos, neste caso televisões, nas lojas, só para depois comprar online, normalmente através da Amazon.
Esta estratégia só está a ser implementada agora, mais de um ano depois de anunciarem que o futuro pertencia ao 3D, dado o insucesso do mesmo e dado que os SmartTvs também não conseguiram travar o decréscimo no preço, e parece não existir alternativa.
Mas a política de preço não é alterada no fim do campeonato. Se quisessem mesmo seguir o que outras empresas fazem, como a Apple, o preço inicial deveria já ter sido fixado a um valor que tivesse em conta a qualidade do produto, força da marca e uma estratégia que passasse não pela quantidade mas sim qualidade. Apple consegue margens altas mas com um modelo de cada produto. O próprio iPhone e iPad são modelos únicos com especificações diferentes. Será que a Samsung e Sony estão se a preparar para um possível lançamento de uma televisão da Apple?
Interessante foi o comentário de Billy Abt, co-presidente da Abt Electronics, um dos maiores retalhistas independentes nos Estados unidos.
“This allows us to make a reasonable profit… It got to the point where we were selling $2,000 TVs and making $10.”
Seja como for, este é mais um exemplo do erro e das consequências dos descontos e guerras de preço.
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