Depois de ouvir Andrew Keen, o anticristo do movimento 2.0 e agora 3.0, fomos para o outro extremo com Robert Scoble, ou @Scobleizer como é conhecido online, o verdadeiro evangelista da Web.
Scoble ficou conhecido como o blogger que mostrou o lado humano da Microsoft. Depois de trabalhar para uma das maiores empresas de mundo, Scoble pegou na sua comunidade e Goodwill, tornando-se num dos mais conhecidos bloggers online.
Scoble iniciou o seu keynote a contar como era a sua vida há 18 anos atrás, e utilizou o carro sem condutor que Google está neste momento a desenvolver, como ponto de referência para partilhar connosco a sua visão do futuro, daqui a 18 anos, quando o veiculo da Google que custa neste momento $1 milhão de USD, irá certamente custar $10,000.
Mas o que irá certamente surpreender quem lê este artigo é o facto que muitas das tecnologias já existem e estão a ser utilizadas por milhões de pessoas. O que Scoble faz é integra-las num mundo que ele diz facilitar e simplificar tudo. Estas são todas as empresas que Andrew Keen teme, a maioria das quais encontramos no Withings.
Scoble teve que programar o seu despertador no seu iPhone, na noite anterior, para acordar à hora pretendida. Mas no futuro de 2030, o despertador não vai ter que ser programado. Através do seu ritmo de vida, o despertador vai lhe acordar à melhor hora. A informação, os dados, recolhida de forma constante sobre si, vai ajudar a acordar-lhe consoante o transito, o tempo e até a qualidade do seu sono.
A integração com Google Maps permite-lhe entrar no tal veiculo e ser levado, não pelo caminho usual, mas sim por um caminho que lhe permita chegar ao local à hora pretendida, provavelmente 15 minutos mais cedo tomando em conta o atraso. Waze já lhe permite ter informação em tempo real sobre o trânsito.
A balança à venda no Withings, não só partilha o seu peso com o mundo, se quiser, como também vai acumulando dados que permite ajudar-lhe a manter algum equilíbrio na sua vida.
Mas no futuro, estas apps vão cada vez mais testar o ponto de viragem, aquele ponto onde não estamos dispostos a partilhar mais informação. Esse ponto é muito diferente para cada pessoa e esse é um dos receios de Andrew Keen. Mas Scoble acredita que Keen esta ansioso com a fase em que nos encontramos neste ponto, ou seja na recolhe de informação, sem ainda ver o valor acrescido do nível de detalhe que procuram ter sobre cada um de nós.
Um desses apps é o PlaceMe que recolhe informação continua do seu smartphone, não necessariamente partilhando online, mas sem a necessidade de check-ins – esta sempre ligado, sempre a recolher dados de tudo que faz no seu smartphone, incluindo todos os sensores no smartphone.
Placeme vai, para todos os efeitos, saber onde vive, onde trabalha, que caminho leva, onde prefere abastecer o seu carro e quando, o tempo que perde em locais diferentes, acumulando um vasto conhecimento, com tempo, do seu comportamento e os padrões dos seus movimentos. Este app pode bem assustar muitos, mas o que vai levar muitos a utiliza-lo, é a curiosidade de sabermos o que fazemos e quando, mas de forma rotineira.
Mas no mundo do carro sem condutor, essa informação recolhida vai ser partilhada com o seu despertador e com todos os outros apps que ajudam-lhe a simplificar a sua vida.
iControl é um sistema de gestão de sensores que no inicio faziam parte do sistema de segurança na sua casa. Mas com tempo, e com os avanços da tecnologia, a informação recolhida vais mais longe, podendo integrar-se com o sistema Nest, um termóstato que aprende com tempo. Assim a temperatura pode diminuir durante a noite enquanto está na cama e tapado, e aumentar para estar à temperatura ideal quando acordar.
Para quem gosta de ver noticias de manhã, o ecrã isolado não vai existir, substituído por múltiplas projeções em locais diferentes que aparecem onde olhamos.
Utilizando apps como o Flipboard para se manter atualizado, vai poder ver todo o conteúdo nestes ecrãs que aparecem onde quer mas o manuseamento vai ser menos físico e mais virtual. Microsoft Kinect já nos dá a possibilidade de utilizar gestos para controlar funcionalidades virtuais, mas Prime Sense vai mais longe, revolucionando a forma como interagimos com os nossos dispositivos, com maior sensibilidade não só nos gestos como também nos movimentos dos nossos dedos.
Levantamo-nos e verificamos as noticias e conteúdo relevante enquanto movimentamo-nos do quarto à casa de banho à cozinha, em tempo real. Mas o volume de conteúdo, num crescimento exponencial, cria alguns desafios dado o pouco tempo que temos e a necessidade de encontrar relevância. Utilizando serviços como o Datasift, temos já a possibilidade de criar filtros em tempo real.
Imagine querer ver conteúdo da sua comunidade no Facebook e Twitter, mas os resultados são demasiados para o pouco tempo que tem. Um terramoto em São Francisco mostra-lhe demasiada informação no seu stream. Porque não limitar a informação a quem está em São Francisco, faz parte da sua rede de contactos, com um Klout score de 60+.
De repente é interrompido pela app Karma, que lhe relembra as pessoas a quem deveria enviar uma lembrança – João foi promovido, Anabela faz anos e a Beatriz teve o seu segundo filho. Tudo tratado e ainda só bebeu o seu primeiro café da manhã. É agora altura de dedicar algum tempo a si.
Quando entra na casa de banho, a balança vai ajudar a definir quando temos que fazer exercício, como e provavelmente onde, isto para não termos que cortar em nada – incrementos pequenos que não nos custa cumprir.
O relógio, com tecnologia semelhante ao Nike Fuel Band ou a utilização do app Runkeeper integrado com o cérebro principal da sua vida virtual, ajuda-lhe a competir contra outros, tendo uma comparação com pessoas em circunstâncias semelhantes ou, caso queira exceder as suas próprias expectativas, pode correr contra alguns dos melhores atletas do mundo.
Mas o relógio pode ir mais longe. Com o app da Empatica, pode já ter acesso à monotorização das suas próprias emoções. Scoble escolhe chamar os fundadores para demonstrarem o app. É que durante a apresentação, Scoble tinha um relógio com essa funcionalidade no seu pulso, e um dos fundadores mostra-lhe agora os diferentes níveis de emoção de Scoble durante a sua apresentação. E funciona, pois quando Scoble fala no Red Light District, o sistema demonstra um aumento de excitação.
Toda esta informação, integrada, vai permitir termos um dia mais eficiente e simplificado, diz Scoble, e o que preocupa, ou deveria preocupar Andrew Keen e outros céticos, não é tanto a privacidade, ou falta dela, mas sim o facto que estamos cada vez mais viciados na tecnologia – Facebook, Foursquare, Twitter e muitos outros.
No futuro, o maior perigo vai ser o nosso vício no sistema.
httpv://youtu.be/V4JmRu0YiDQ
Leave a Reply