Um dos grandes desafios da Web é a falta de veracidade no que é publicado, em parte pela constante pressão que os diferentes sites têm, em conseguir pageviews, a preço do modelo Freemium, sem o premium. Mas o tradicional nunca foi muito melhor – até porque a noticia sensacional é a que “vende” mais.
Mas o verdadeiro desafio online tem mais a ver com a velocidade a que a informação flui e o facto que a maioria de pessoas têm agora um dispositivo ligado à Web 24/7.
Se adicionarmos a facilidade com que se consegue captar um momento da história e publica-lo online com os diferentes mecanismos automatizados que espalham a mesma informação por múltiplos canais, o problema é bem mais complexo. Muitas vezes fica de fora o mais importante – o contexto.
Mas será que queremos mesmo uma melhor qualidade de informação? Um estudo recente da Youth Pulse, verificou que 66% dos millennials, ou Generation Y, aqueles que nasceram entre 1980 e 2000, não confiam nas noticias. Mais, 67% preferem saber mais tarde algo fatualmente correcto do que saber mais cedo algo que possa estar ocasionalmente errado – isto de uma geração onde 68% lê as suas noticias utilizando social media. Mas este estudo, como muitos dos outros, parece preferir validar uma opinião do que verdadeiramente compreender o mundo digital em que vivemos.
Primeiro, este estudo, foi efectuado num segmento dos 14 aos 30 anos. Como é que podemos alguma vez levar este tipo de estudo a sério quando inclui jovens dos 14 aos 30 anos de idade? Estamos perante jovens que estão a lidar com puberdade onde os seus cérebros estão a desenvolver, incluídos num estudo com outros que ou estão na universidade, procuram o seu primeiro emprego ou já vão no seu segundo ou terceiro emprego com casa e primeiro filho.
Mais, as próprias perguntas não ajudam em nada. Prefere ser informado de forma a ter um maior conhecimento ou ser informado de forma cómica? Naturalmente, a maioria de jovens relacionam conhecimento a factos e não a comédia. Mas o que pensam é muitas vezes diferente do que fazem, basta ver o mural de qualquer um. Outra pergunta ridícula é se preferem receber noticias de um jornalista mais velho ou de um jornalista da mesma idade. Ora, mais uma vez, qualquer associação com jornalismo vai obrigatoriamente reverter ao mais velho. Jornalistas com 14-25 anos?
Conclusão, qualquer estudo deste tipo só demonstra a superficialidade com que se trata destes assuntos, até porque o que mudou mais, foi o acesso à internet e a forma como os jovens, para não dizer a maioria, se informa, aprende, descobre e partilha.
Podem até dizer que preferem ser os últimos a saber algo desde que factualmente correto, do que ser o primeiro a ter noticias que ocasionalmente estão imprecisas ou incorretas – mas o seu comportamento demonstra algo muito diferente. Basta ver a lista de programas mais vistos na semana que passou…
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