MWC2013

Mobile World Congress 2013: As Tendências de Mobile

Uma semana parada online aqui no TudoMudou acabou por ser um reflexo do que se passava offline na MWC 2013 em Barcelona. A mais importante feira do mundo de mobile que este ano inaugurou um novo venue para as 72,000 pessoas que participaram, 10,000 delas registadas através de NFC.

Uma semana parada online aqui no TudoMudou acabou por ser um reflexo do que se passava offline na MWC 2013 em Barcelona. A mais importante feira do mundo de mobile que este ano inaugurou um novo venue para as 72,000 pessoas que participaram, 10,000 delas registadas através de NFC.

Depois de uns dias intensos e de ter percorrido o que pareceram quilómetros e quilómetros de feira, fica aqui um resume das tendências de mobile:

Firefox Como Catalisador para a Open Web

Quando a Firefox lançou o seu browser há 10 anos atrás, poucos imaginavam o seu futuro sucesso, e agora chegou altura da Mozilla, um not-for-profit organization, lançar o seu novo sistema operativo para smartphones.

Firefox OSSignificativo é o apoio que conseguiram da parte das operadoras que se suspeita estarem fartas de pagar pelo “privilegio” de vender o iPhone, e também, ansiosas com os futuros planos da Google (Motorola) e o seu sistema operativo Android.

Certo é que o crescimento do Firefox OS será inicialmente lento mas poderá vir disruptar um mercado que está claramente nas mãos da Apple e Samsung, a ultima, através de Android.

A grande mudança está no facto que o Firefox OS irá certamente ganhar tração através da sua missão de “openness”, ao contrario dos ecossistemas fechados da iOS. Microsoft e até um certo ponto, Android.

Para todos os efeitos, o novo smartphone com Firefox OS é um web browser, onde a maioria dos seus apps baseados em HTML5 parecer-se-ão mais com uma navegação na web do que abrir e fechar apps. O CEO prometeu que o Firefox smartphone é o primeiro “open web device”. Fiquem atentes.

Guerra das Operadoras com OTT

OTT, over-the-top content, refere-se ao conteúdo, ou serviços, que utilizam uma infraestrutura existente para oferecerem os seus serviços. Neste caso especifico, são as operadoras que estão seriamente preocupadas com o numero de empresas que agora fornecem serviços que colocam em causa as receitas de chamadas, mensagens e dados.

A maior ameaça vem do Facebook que tem estado a testar o seu novo serviço no Canadá que utiliza Wi-Fi, ou ligação de dados, para permitir que utilizadores com iPhones utilizem o seu Messenger para efetuarem chamadas gratuitas através do seu perfil no Facebook. O serviço já começa a ficar disponível nos Estados Unidos – parece que o Facebook Phone chegou sem grandes lançamentos.

Aumento na Utilização de Dados

Se por um lado as operadoras conseguiram sobreviver aos serviços de VOIP, por outro têm agora séria concorrência por parte de quem fornece OTT. Como se isso não chegasse, ao mesmo tempo têm que se preocupar com empresas como a Netflix que estão a levar os seus clientes a utilizarem cada vez mais, um aumento substancial de banda larga.

Enquanto os serviços OTT vão corroendo as receitas das operadoras, o consumo de dados está cada vez mais aumentar a uma velocidade que irá certamente trazer grandes custos e desafios para as operadoras. Mais tarde ou mais cedo, quem irá pagar a conta, é o consumidor, dando lugar a outras oportunidades de existirem concorrentes a disruptar o negocio das operadoras. Difícil gerir as expectativas dos consumidores, quer em preço, quer em serviços.

Aumento de Dispositivos Mobile

Uma das tendências facilmente identificáveis para quem percorreu a feira, é o numero de dispositivos a serem introduzidos no mercado, especialmente agora que o crescimento passou para outros mercados: África, América Latina, Asia e claro, China.

Outras novidades incluem a introdução de dispositivos dedicados a específicos nichos ou demografia. Docomo, por exemplo, está focada num dos mais importantes segmentos, adolescentes entre os 9 e 12 anos, target esse onde se apanha o inicio do m-commerce.

Não só vamos ver mercados, como o Japão, que estão já praticamente saturados, a virarem-se para estes nichos bem como vamos ver empresas Japonesas a interessarem-se muito mais com o que acontece além das suas fronteiras. O stand do Japão tinha uma frase chave bem direta: Japan Is Back – uma referencia pós tsunami mas também a relembrar da altura em que as empresas Japonesas dominavam a electrónica mundialmente.

Tablets

Este ano já não se ouve termos tão genéricos como “o ano da tablet”, até porque a tablet rapidamente estabeleceu-se como dispositivo central em poucos anos, algo já mais visto na electrónica.

Enquanto o mercado de smartphones continua em alta, com 671 milhões de unidades vendidas pelo mundo fora em 2012, as grandes oportunidades e desafios vão vir do mercado dos tablets.

Pew Research Centre nos Estados Unidos divulgou que 25% dos adultos Americanos têm uma tablet e no mês antes do Natal, 59% das compras (US & UK) através de dispositivos mobile, foram com iPads.

Mas as tablets criam os seus próprios desafios para os developers e operadoras dado que o utilizador ainda não percebeu muito bem como e quando vai utilizar a tablet. Enquanto muitos utilizam a tablet em casa para fazerem compras (couch commerce) e web surfing, prevê-se que a tablet vai começar a sair mais de casa especialmente agora que existem tamanhos bem mais portáteis.

Mas como toda esta utilização de tablets, são os smartphones que estão a consumir o maior trafego de dados, algo que irá certamente crescer com a introdução de uma maior velocidade através de LTE.

Independentemente do tipo de dispositivo e sistema operativo, existe muito pouca variação na sua utilização quando se compara o tablet com o smartphone. Basta um tablet ter a capacidade de fazer telefonemas, como o Galaxy Note II, que a utilização parece-se mais com um smartphone, tornando-o num phablet.

Falta de Apps Para Enterprise

Um estudo por parte da Vanson Bourne, verificou que de 600 das empresas inqueridas, 95% dizem que os seus colaboradores utilizam os seus smartphones pessoais para trabalharem e somente 29% das empresas têm algum programa formal de mobilidade, independentemente da maioria (92%) acreditarem que a adopção de mobile apps irá lhes proporcionar uma vantagem competitiva.

A principal barreira na adopção de enterprise apps continua a ser a questão de segurança.

Mas na MWC 2013, vimos um crescimento de empresas que estão a fornecer enterprise app solutions, tirando partido do sucesso da penetração de cloud computing, BYOD (bring your own device) e aumento de tablets a serem utilizadas no trabalho.

A solução parece mesmo ser a enterprise app que proporciona uma elevado aumento de controlo que resulta numa melhoria de segurança para quem a utiliza. Não só conseguem as empresas controlar quem, onde e quando podem utilizar estas apps, como também a forma das utilizar e vários níveis de acesso. A vantagem de conseguir restringir um app, ajuda em muito a percepção de segurança.

Limitar a utilização com base na localização e/ou manter os documentos na cloud sem possibilidade de download, são dois exemplos que ajudam as empresas a atualizarem-se, até porque a existência de uma enterprise app é o mesmo que ter uma presença online há uma década atrás – e parece que sobrevivemos essa fase de duvida.

Parcerias – Internet of Things

Já a conferencia LeWeb de Dezembro em Paris era focado no tema The Internet of Things, revelando as possibilidades inerentes às parcerias. O melhor exemplo na MWC 2013 foi o local designado The Connected City que demonstrou o verdadeiro potencial da parceria entre marcas para uma melhor e mais conectada cidade. Encontramos um pequeno concelho que incluiu uma loja, café, veículos elétricos e muito mais, demonstrando o verdadeiro potencial de M2M (machine to machine).

Já um estudo da Juniper Research revela que os sectores de telemática e electrónica para consumidores vai ser enorme – m2m e embedded devices vão representar um mercado de 400 milhões de unidades em 2017 dado já existirem 110 milhões presentemente.

Uma das áreas de maior interesse é o veiculo conectado, dado que este sector tem vindo a investir no carro do futuro muito perto com inúmeras funcionalidades através da sua própria ligação LTE, autónoma às de smartphones e tablets.

Mas primeiro necessitamos que as operadoras abracem m2m dado que as verdadeiras margens continuam a estar, presentemente, nos serviços vendidos ao utilizador.

Pagamentos – Mobile

O maior potencial verificado na MWC foi a de pagamentos através de mobile, mas não restringido a NFC, até porque ainda falta a Apple apostar em NFC para a tornar verdadeiramente relevante e útil. Não podemos esquecer que são os utilizadores através do sistema operativo da Apple que mais consomem em termos de €, e de certa forma, a Apple está a impedir que NFC torne-se verdadeiramente ubíqua.

Juniper Research revela que o valor de compras efectuadas mundialmente através de smartphones em 2012 foi de $200 mil milhões de USD, demonstrando uma menor preocupação pela possível falta de segurança inerente a este tipo de transação.

Mas na ausência da Apple no mercado NFC, provavelmente por não parecer ser a mais adequada tecnologia para pagamentos mobile, outros têm surgido com alternativas e é aqui que podemos esperar grandes evoluções.

Felizmente parecemos ter ultrapassado a barreira de quem verdadeiramente tinha o cliente, passando assim a existirem inúmeras soluções no mercado para pagamentos mobile.

PayPal utilizou QR codes em restaurantes na feira para o consumidor encomendar e pagar através de paypal no seu smartphone, somente levantando o seu pedido no balcão. O processo não se revelou o ideal mas demonstra a inovação.

Mas a falta da solução garante que mobile payments seja algo do futuro e não presente, deixando os presentes players investirem na esperança de se aguentarem até ao dia em que tudo se paga através do nosso dispositivo de escolha.

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