Durante a tarde de domingo (07/07), um Boeing 777-200 da Asiana Airlines despenhou-se no aeroporto de São Francisco e, mais uma vez, foi através de social media que o mundo ficou a a par deste nefasto acontecimento.
Enquanto muitos falam sobre a importância de social media e das lacunas dos media tradicionais em conseguirem chegar primeiro à noticia, não nos podemos esquecer que, em alguns casos, tal não é por acaso. A CNN poderá ter que competir com os milhões de citizen journalists atualmente munidos de câmaras de filmar e fotografar com ligação ao mundo através de LTE e plataformas eficientes de propagação de conteúdo, porém não compromete a sua integridade jornalística só para dizer que foi a primeira.
Noutros meios de comunicação, as notícias iniciais veiculavam que o avião se tinha virado ao contrário e que não existiam vítimas. Infelizmente, apurava-se mais tarde que ambos os factos estavam incorretos – será que a fidelidade dos dados é menos importante que a velocidade com a qual recebemos notícias? Muitos preferem saber primeiro, obviamente até ao dia em que…
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“WGN News received a number of viewer phone calls and tweets about an airplane crash on King Drive. Our helicopter was close by and was the first news helicopter to arrive on the scene. Based on police radio traffic, several officers in the area were similarly alarmed that there was a plane crash. We contacted Chicago Police, Chicago Fire, and the FAA seeking information. All of those public agencies said they had no knowledge of a plane crash. But none of them said that it was a scene from a movie.”
Ressalve-se não ser este um caso isolado: durante a cobertura do atentado em Boston, onde uma explosão criou autêntico pânico na reta final da maratona de Boston, o jornal New York Post teve oportunidade de demonstrar o resultado, quer dos cortes orçamentais dos quais foi vítima, quer da sua crença que é possível fazer jornalismo com base em toda uma nova estrutura amadora, ou seja, utilizando social media.
Inicialmente, o New York Post avançara com um número errado de vítimas fatais, sendo que, para densar o índice de gravidade, identificou que este havia sido um ato de terrorismo cometido por um Saudita, levando à identificação e responsabilização erradas de Salah Eddin Barhoum e do seu amigo Yassine Zaime pelas mortes e pelo pânico em Chicago.
[quote align=”right” color=”#999999″] ”I’m going to be scared going to school,” disse Barhoum. “Workwise, my family, everything is going to be scary.” [/quote]
Imagine se o seu nome aparecesse nos principais meios de comunicação e posteriormente na Web identificando-o com um terrorista suspeito de ter morto Americanos? Mais tarde, o espetáculo continuou, com o mesmo jornal a identificar, erroneamente, Sunil Tripathi como o novo suspeito – a Web fez o que faz melhor – propagou a caça às bruxas.
O problema parece estar subjacente à maleita da qual padece a maioria dos media tradicionais quando os mesmos decidem adaptar-se à nova realidade de social media.
Enquanto a CNN prefere chegar mais tarde à “festa”, outros misturam e confundem jornalismo com amadorismo, factos com rumores, optando por ser primeiros em detrimento da veracidade dos dados que divulgam.
Tripathi foi o que sofreu mais com a sua página do Facebook a ser retirada por causa de todos os comentários e ameaças. Não obstante, tal não travou a missão de todos os vigilantes, colocando um vídeo no YouTube que apelava à informação pessoal de Tripathi, provavelmente para conseguir uma “justiça” mais rápida.
A lição é válida para todos quantos comandam uma audiência significativa, desde os media tradicionais aos bloggers e personalidades online, muitos deles com o potencial de propagar uma mensagem à velocidade da Web.
Cabe-nos o ónus de termos capacidade de receber, de forma tranquila, uma notícia demasiadamente “boa” para não partilhar; de possuir o discernimento de esperar que a mesma seja validada antes da sua entrada no “circo” online. Sabemos que não é fácil e por vezes até injusto, pois não estamos preparados para tal análise, ponderação e capacidade de introspeção.
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