A privacidade é um tema debatido constantemente quando se fala sobre a Web e social media. Se por um lado existem aqueles que acreditam que as pessoas desconhecem os perigos da excessiva partilha de informação pessoal online, outros acreditam que o utilizador compreende que gratuito implica a perda de privacidade.
O que é certo é que 800 milhões de pessoas não tiveram problemas em abdicar de todos os seus direitos ao se registarem no Facebook. Como orador, todas as vezes que pergunto quem leu os termos e condições do Facebook a maioria responde que não. Mas presentemente, quando pergunto quem sabe o que abdicou, a maioria parece estar ciente do que abdicou, mesmo que não conheça o conteúdo dos termos.
Podemos assumir assim que presentemente, a privacidade é algo que trocamos pelos serviços gratuitos online. Como também percebemos que estes sites gratuitos tem de ter uma forma de pagar as contas, também é do conhecimento geral que são os anunciantes que em grande parte suportam estas empresas.
Mas o que não sabemos é qual o nível de conhecimento que os anunciantes têm sobre nós como comunidade mas mais importante, como individual, e isso preocupa-nos.
No dia 10 de Janeiro de 2012, Joseph Turow lançou The Daily You: How the New Advertising Industry Is Defining Your Identity and Your Worth, um livro sobre o poder que os anunciantes têm através de toda a informação que recolhem bem como o que podemos fazer para travar este processo.
Turow identifica alguns dos mais populares locais online explicando que “Facebook está a recolher uma enorme quantidade de informação sobre si, colocando-o em pequenos baldes, que depois partilha com os seus anunciantes e envia-lhe anúncios dos seus anunciantes. O mesmo é verdade para Google, e quando vai visitar um site de noticias, é mais que provável que eles façam a mesma coisa.”
Estes “baldes” a que ele refere são perfis. Podem ser informação demográfica, a sua idade, seu gênero, geografia, qual o tipo de computador que tem, se procura artigos de culinária, para o seu carro, para ir de férias, quantas vezes visita sites como o Twitter e do que fala online.
Turow alerta para o facto que este tipo de data mining (recolha de dados) e profiling (criação de perfis de utilizadores) não está a ser só utilizado para lhe mostrar anúncios, está de igual forma a ser utilizado em campanhas politicas.
Turow explica que “o que estamos a começar a ver são empresas de media a juntarem-se a campanhas politicas para que tomem decisões com base nas atividades online dos utilizadores (de interesse), juízo esse que mesmo não sendo diretamente relacionado com a política, é agregada a opiniões e escolhas politicas, enviando-lhes depois anúncios com base nesse conhecimento”.
O resultado de tudo isto é que cada vez mais, cada um de nós vai conhecer menos sobre o candidato no geral e vamos simplesmente ser expostos a específicas características que se adequam à nossa personalidade, criando uma falsa ligação com o candidato.
Turow acredita assim que, dado que todas estas informações estão a ser utilizadas sem a consciência de cada um, inferindo algo com base no nosso comportamento, está na altura de tomarmos conhecimento de como esta informação é utilizada e por quem, tendo nós uma voz em se de facto podem ou não ter acesso a esta informação.
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