Guest post do Hugo Macedo, empreendedor e mentor de start-ups em Portugal. Um dos meus companheiros durante o LeWeb 2011.
Embora a LeWeb seja a maior conferencia europeia de tecnologia, é claramente também uma celebração das startups e do empreendedorismo tecnológico.
Mas a primeira impressão é que por vezes a conferencia parecia um espetáculo rock-pop com grandes estrelas da música – não faltava o grande palco, com muita produção audiovisual, as entradas triunfantes, uma plateia enorme e entusiasta.
httpv://www.youtube.com/watch?v=8tOrnkblk98
Uau! vi o Sean Parker e o Kevin Rose e o Bill Gross e o tipo do Instagram e Soundcloud e Spotify e Flipboard, o Eric e a Marisa!
Neste espetáculo as estrelas estão no palco enquanto os meros mortais permanecem sentados na plateia – não há mistura – quase que imagino o concurso na rádio a sortear meet n’greet com os artistas no backstage a uma mão cheia de sortudos. E, um dia destes quando não couberem todos na plateia, vamos ficar de pé e ainda vamos ver estas shows conferencias em estádios!
Há mesmo quem veja nesta excitação e proliferação de start-ups a riqueza e a excitação criativa de Paris dos anos 20 (GigaOm).
A verdade é que o próprio ecossistema de start-ups se tornou um rock show, há verdadeiras estrelas, há sucessos do dia para a noite impulsionados pelos media, há expectativas sobre os próximos álbuns (start-ups!). Se virmos bem, se para a música havia os Ídolos e operações triunfo já existem formatos de concursos para startups e empreendedores – the Apprentice , Dragons’ Den ou o Techstarts show na Bloomberg são exemplos internacionais (vai haver 1 muito proximamente em Portugal – Negócio Fechado.
Este fenómeno pode até ter um efeito interessante se os pais começarem a sonhar que os filhos em vez de poderem ser Ronaldos ou Shakiras podem ser Marks, Larrys ou um desses empreendedores que atingiram fama e (muito) sucesso – já estou a imaginar começarem a aparecer escolas para as crianças aprenderem a programar aos 8 anos ou até antes e os pais avidamente a incentivar os miúdos a programar.
Já estivemos mais longe desse futuro – Thomas Suarez com apenas 12 anos já lançou várias apps para o iPhone e tornou-se ele proprio numa estrela – o seu video no YouTube já teve mais de 1 600 000 visitas!
Mas por outro lado este movimento ainda deve estar longe em Portugal – embora muita coisa esteja a ser feita pelo empreendedorismo – é preocupante ver que estavam (havia mais escondidos?) cerca de 4 portugueses no leWeb (não conto aqui a equipa do LiveSketching que estava noutro contexto) em mais de 3000 participantes.
Por outros lado 3 portugueses estiveram em grande destaque – a equipa do Livesketching.com – que produziu desenhos em real-time dos conferencistas. Tive a oportunidade de os conhecer e reter uma lição de empreendedorismo entre 2 jovens artistas que começaram a fazer livesketching por sua iniciativa e quase “às escondidas” e o Miguel Duarte que os “apanhou” e os tornou numa empresa com imenso potencial para crescer.
Outras ideias sobre empreendedorismo ouvidas no LeWeb para fazer pensar:
- – Eric Smith, Google, disse que o Sillicon Valey precisa de concorrência
- – Berlin é hoje um dos epicentros do empreendedorismo europeu e não presença relevante de Venture Capital nem qualquer acção proactiva do Governo alemão nesse sentido.
- – Por outro lado os governos do Reino Unido e a França estão ativamente a investir na criação de clusters de empreendedorismo e no apoio a start-ups, incluindo a realizar acções conjuntas (Co-opetition)
- – O fenómeno do OpenData promovida pelo governos veio para ficar com iniciativas pelo governo francês e inglês para promoverem a disponibilização de dados que podem alimentar novos serviços e aplicações.
- – O Empreendedorismo é também um fenómeno cultural (veja-se o exemplo de Berlin) e isso não se cria com leis, é mais uma questão de “enabling” – removendo barreiras e incentivando quem tem iniciativa.
- – Sean Parker, apenas investe em equipas de fundadores com competências complementares – parece-me que em Portugal precisamos de iniciativas de dating entre empreendedores!
Por fim a pergunta final – valeu a pena?
Sem dúvida! Confesso que a principio o rock-show dá uma certa sensação de impotência, de distancia e que tudo vai passar rapidamente sem deixar rastro. Mas já passaram 3 dias e ainda sinto a cabeça a latejar com imagens, frases, conversas,… é uma overdose brutal que recomendo.
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