(Escrito em direto) A conferência mais importante do ano para Facebook, f8, começou com 15 minutos de atraso (18:15 GMT) com um sósia de Mark Zuckerberg. Ao vivo com 53,000 pessoas através do LiveStream, definitivamente o humor era mais virado para o mercado Americano do que para o restante do mundo.
O humor foi na realidade a melhor forma de lidar com as possíveis comparações com o mágico Steve Jobs – e entra Mark Zuckerberg com a sua típica falta de personalidade – o seu desconforto era demasiado óbvio. Porquê esta palhaçada? Porque é o CEO do Facebook, porque pode.
E depois, o Keynote…
Uma breve apresentação sobre o passado do Facebook levou Zuckerberg ao ponto mais central – o ownership intenso do seu perfil – uma experiência pessoal. Durante os últimos anos o perfil foi de uma breve apresentação no inicio para o atual perfil que contem informação que vai desaparecendo (wall). Até hoje não existia forma de vermos todo o passado.
A primeira alteração chama-se Timeline – pausa e slide ala Jobs – “The story of your life”. Algum aplauso mas na realidade pouco para nos entusiasmarmos. Assim Zuckerberg mostra o novo perfil – o silencio revela não tanto o espanto do que vai acontecer ao seu perfil mas mais a sensação que vamos levar com um design diferente de uma página de web.
O aplauso é forçado e embaraçoso. Wow estamos a ver… um design novo.
O conteúdo que é mostrado neste Timeline, a forma como contamos a nossa história completa da vida, vai tendo menos e menos detalhe quanto mais vamos para trás no tempo, podendo escolher um ano através do lado direito do perfil.
Mas o que acontece quando não existe nada do seu passado no Facebook? Não contentes com a nossa informação, a já existente, vamos poder adicionar fotografias, vídeos e outro conteúdo do nosso passado – colocando assim a informação em ordem cronológica. Mas vamos mesmo estar a colocar esta informação toda do nosso passado? Não percebo qual o retorno que nos vai dar como utilizador. Enfim.
A próxima novidade foi a dos apps. Parece que são estes novos apps que vão facilitar a partilha e publicação desta nova informação – o seu passado e não só.
Uma nova funcionalidade é os reports – onde pode receber e partilhar grupos de informação – no caso de Zuckerberg – pode ver tudo o que ele cozinhou em Setembro… hmm. Podemos de igual forma ver o timeline destes reports – “ajudar a contar a nossa vida” diz Zuckerberg.
A melhor parte do nosso perfil? “Tornar Timeline o nosso lar”. LOL. Nunca imaginei escrever LOL num artigo mas é a única forma de expressar a idiotice e banalidade de todas estas alterações que podiam perfeitamente serem implementadas sem grande hype.
De pensar que inúmeros jornalistas passaram os últimos dias anunciar o evento do ano, a nova revolução digital. Isto é o resultado de viver na bolha Web 2.0 – afastado de tudo verdadeiro e de importante na vida. Venha o iPhone 5, 6 e 7.
Estão agora 92,000 ao vivo a ver fotografias da namorada de Zuckerberg e o seu cão, Beast.
Esta é a vida banal de Mark Zuckerberg. Se não fosse ele relembrar-nos constantemente da “beleza” e “coolness” de tudo isto, iriamos certamente adormecer. “And that’s timeline” – aplauso. “A nova forma de expressarmos quem nos somos” – não é a Heineken que faz isso? Que define quem nós somos – bem como as outras milhares de marcas com a mesma promessa?
“Estamos muito orgulhosos com Timeline” diz Zuckerberg com a lágrima no olho. Mas onde está o rapaz com o cartaz para incentivar o aplauso? Foi. Adormeceu. Um silêncio
A próxima grande novidade centra-se no Facebook Social Graph. Se até hoje, só podíamos “like” algo – um livro, um filme, uma marca – agora vamos poder fazer muito mais que “like”. Até hoje Facebook só tinha nomes, mas agora vamos todos ter verbos! Isto tudo para podermos expressar-nos mas de forma a não aborrecer os nossos amigos.
Ticker é agora um lightweight stream para… toda a palha. Não “existia uma forma social” de partilhar conteúdo menos interessante e assim Facebook arranjou uma forma de criar uma “nova geração de apps – muitos apps mesmo” – comunicação e jogos. Isto tudo para anunciar apps de media (música, livros) e lifestyle (correr – correr?).
Esta nova geração de open graph apps vai facilitar a publicação dos seus modestos sucessos sem que interrompa a sua atividade. Quando comer o seu primeiro cogumelo no jogo do Super Mario, já não lhe vão perguntar se quer partilhar. Não. Automaticamente, esta informação aparece no seu Timeline – de preferência na nova zona de palha.
Para quem não utiliza apps (moi), para proteger os meus dados e os dos meus 3400 “amigos”, vou ter que confiar que isto vai ser benéfico para todos os outros que mergulham no mundo de Facebook apps.
Quando tiverem a ouvir uma música, não se esqueça que outros vão também poder ouvir o que você ouve. Bieber Power! Imagine o poder de saber que vários dos seus amigos estão a ouvir a mesma música ao mesmo tempo. Através da analise de patterns padrões, vamos poder agora também ver/ouvir tudo o que a pessoa ouve – um resume do passado de música. Parece que esta é uma das “melhores experiências” agora podendo ouvir a música que outros ouvem.
O rapaz dos aplausos voltou. 105,000 pessoas a ver no livestream.
Facebook, com Spotify, vai ajudar a sustentar o futuro da Industria Discográfica. “É um grande dia para Facebook, Spotify e para quem adora música” diz CEO da Spotify. O Sueco defende que o serviço é gratuito para mudar os hábitos de quem pratica o ato de paritária com música – não estou a ver como isto ajuda o músico. Em vez de pirataria temos música gratuita. Mais música com mais descoberta faz com mais pessoas comprem música (sério?) – “lets Light up the world with music”. Na realidade f8 está a revolucionar o mundo.
Depois de Spotify para música, vem Hulu para vídeo. Repete-se novamente tudo que ouvimos para música, simplesmente substituindo música por vídeo. Timeline aparece novamente, não com um histórico de música ouvida mas sim os vídeos que vê e viu. Mas para vídeo vem Netflix, a empresa que tem perdido terreno na bolsa. CEO da Netflix – todos tem o devido respeito por Zuckerberg, tornando-se ainda mais banal que ele. Mas não nos devemos preocupar muito com isto dado que estamos em Portugal – nem Netflix nem Hulu pode ser visto por nós.
Mas não é só vídeo e música. Social games permite ver o que os nossos amigos estão a jogar.
“Era isso que vos queria mostrar hoje. Chega?” pergunta Zuckerberg. Espero que não haja mais nada pois o silencio é claro – chega, ou adormeceram. Mas… vem ai um vídeo para mostrar o que Zuckerberg acabou de explicar – “your apps with your friends”.
Bret Taylor, CTO de Facebook vem explicar melhor o Timeline e dá-nos as más noticias. É que o nosso Timeline, quando aparecer durante os próximos meses, vai estar escasso. Aliás, se não estiver escasso, só indica que tem perdido demasiado tempo no Facebook.
Quais as más noticias? Para muitos, este vazio vai levar com que sintam uma enorme necessidade de colocar a palha do seu passado ao lado da sua palha já existente.
O restante é demasiado tedioso para relatar. Poderá sempre ver a gravação…
Uma coisa é certa, este foi um exemplo de over promise, under deliver. A revolução chegou e foi. Felizmente, a tempestade passou ao lado e só 0,00001%
dos utilizadores de Facebook tiverem a ver a apresentação.
Podem todos voltar ao Facebook com tranquilidade, afinal durante os próximos meses, o seu perfil vai mudar, mais nada.
httpv://www.youtube.com/watch?v=hzPEPfJHfKU
[…] video chat foi uma das novidades anunciadas por Mark Zuckerberg durante a conferência f8. Hoje, Facebook começou ativar o serviço para os seus 800 milhões de utilizadores. O serviço é […]