Acho muito bem questionarmos tudo, até porque se há um beneficio que a Internet nós trouxe é termos agora acesso a múltiplas opiniões e visões de cada questão levantada em tempo real.
Mas no que concerne ao Facebook, Google, Twitter e todas as outras empresas que hoje em dia servem milhões de clientes, não podemos fazer confusão entre uma empresa privada com acionistas e objetivos de fazer dinheiro, e serviços públicos.
Não podemos também assumir erradamente que o sofrimento e coragem dos que se revoltam contra regimes opressivos, valem tanto ou menos que a nossa partilha dos seus tweets, posts no Facebook e vídeo no YouTube.
Durante a ultima semana vimos ataques pelos media e por opiniões online contra Google pela sua alteração dos seus termos & condições especialmente no que concerne à mudança de estratégia de privacidade. Já aqui isso foi falado.
Mas este fim de semana foi a vez do Twitter, um serviço de uma empresa privada que procura o difícil equilíbrio de manter-se nos dois lados da balança – um serviço sem qualquer censura e do outro lado, o respeito pelas diferentes culturas em diferentes países para que possa lá coexistir.
Twitter já admitiu que existem alguns países em que não vai poder estar presente pois nunca iria chegar a um consenso. Noutros países vai ter que utilizar um mecanismo de censura para que possa continuar a existir lá. Não me parece nada chocante ao contrario de muitos outros que declaram o fim de Twitter como serviço da liberdade de expressão. Até porque será em casos extremos.
Explicaram de forma transparente o que poderá acontecer se receberem uma ordem de um tribunal para retirar alguma informação. Irá ficar registado da seguinte forma:
O objectivo do Twitter é estar presente no maior numero de países possível e como já todas estas empresas aprenderam, mesmo que o seu serviço esteja online, a complexidade em gerir relações com diferentes países e as suas diferentes culturas, torna-se cada vez mais difícil.
O que Twitter também está a aprender é que transparência não resolve tudo, algumas vezes até acaba por não ajudar. Comunicaram através do seu blog, que:
Starting today, we give ourselves the ability to reactively withhold content from users in a specific country — while keeping it available in the rest of the world. We have also built in a way to communicate transparently to users when content is withheld, and why.
We haven’t yet used this ability, but if and when we are required to withhold a Tweet in a specific country, we will attempt to let the user know, and we will clearly mark when the content has been withheld.
Começava a comunidade online acalmar quando chegou a noticia que a Tailândia e agora a China elogiaram Twitter por reconhecer a necessidade de ser “pragmática em vez de achar que podia criar uma ferramenta política idealista”. Este sinal de suporte vindo do “inimigo”, não veio ajudar em nada, mas esse é o mundo em que nós vivemos. China também compreende o poder de PR e nunca iria deixar esta oportunidade de agitar as emoções, passar ao lado.
Da mesma forma que temos que assumir que Google e Facebook são empresas privadas que alteram, e têm todo o direito de alterar, os seus serviços para seu benefício, Twitter não é diferente. Não podemos assim confundir empresas privadas com as publicas que deverão servir os interesses públicos. Ainda pior é exigir mais de estes serviços que os nossos próprios serviços públicos.
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