Mais uma vez estamos perante uma estratégia da Apple que baralha todos – os Apple fan boys aguardam pela próxima grande invenção da sua marca enquanto os sépticos e a concorrência querem acreditar que Apple já chegou tarde à festa – música na Cloud.
A Google e a Amazon já deram a conhecer as suas alternativas na Cloud mas existem também outros concorrentes tais como Rdio, mSpot, Spotify e MOG, bem como os novatos Earbits. Como tudo isto, a Apple mantem-se em silencio – um silencio que irrequieta todos os que já se lançaram acreditando no first mover advantage. Mas ao ler o resultado da Google e Amazon, parece que a Apple mais uma vez ganhou com a sua decisão de esperar – esperar para vencer e ficar.
Apple usufrui de algo que poucos tem – paciência. E a paciência é fundamental para lançar produtos e serviços que respondem às necessidades das pessoas, criando pelo caminho alguma “magia”. De todos os concorrentes, é óbvio que a Google e Amazon são as que representam a maior dor de cabeça. Ambas tem uma vasta experiência da Cloud e ambas procuram dominar este espaço.
A Google lançou o seu Music Player (beta) e gostaria de poder vos dizer a minha opinião, mas o serviço não está disponível para Portugal: “We’re sorry. Music Beta is currently only available in the United States”. Olhando então para a opinião generalizada, fico com a sensação que o conjunto limitado de recursos com um interface desarticulada não lhe conferiu um bom começo. Mas como a Google tem uma reputação de lançar os seus serviços num formato mais cru, escolhendo adapta-los e melhora-los com tempo, ficamos então à espera para ver. Mas por enquanto, parece que o objectivo da Google era de simplesmente chegar à festa.
A maior falha parece ser a total ausência de uma loja para comprar música tornando o seu serviço num espaço de armazenamento de dados. Ao fazer o upload de música para este lugar sagrado, o oposto já não se pode fazer – ou seja fazer o download da música para um aparelho seu. Para playback, vai ter que utilizar o browser – pois.
Amazon lançou o seu Cloud Locker e Cloud Player em Março e ao contrario da Google, cada passo que a Amazon dá, está sempre focada em vender produtos físicos e/ou virtuais. Por esse motivo, o seu serviço inicio logo preparado para se comprar e para ouvir música da Cloud. Com este sistema, os utilizadores podem fazer o upload das suas músicas do seu computador como podem de igual forma transferir as músicas comprados no Amazon diretamente para o seu local na Cloud.
Onde a Amazon e Google falham é na possibilidade de identificar que tem uma música e/ou álbum especifico, e isso ficar logo disponível no seu local na Cloud. O player também causa alguns problemas dado que só existem em browser. A Amazon permite-lhe fazer download das músicas que fez o upload mas não ouvi-las por motivos de licensing.
A Apple manteve e mantem os fracassos MobileMe e Apple TV ativos pois mais tarde ou mais cedo vai arrasar com estes sistemas adequados ao que o utilizador procura – é mais uma vez uma questão de paciência e persistência. Não é que Steve Jobs estivesse bem com estes fracassos. CEO Steve Jobs disse na altura à equipa de MobileMe:
“You’ve tarnished Apple’s reputation. You should hate each other for having let each other down.”
E com MobileMe, Apple aprendeu e não vai cometer o mesmo erro novamente. Nestes últimos 2 anos, a Apple tem estado aperfeiçoar o MobileMe, preparando-a para uma nova era. O resto está prestes a ser integrado – o novo data centre, o aumento do seu catalogo incluindo os Beatles, uma enorme comunidade de utilizadores do seu iOS bem como a dominância total do mercado de leitores de música.
A sua força no mercado com as vendas no iTunes permitiu à Apple “convencer” os seus “parceiros” (Editoras Discográficas) a colaborarem num futuro mais integrado. O seu desafio e manter o processo “one click” para que o utilizador fique viciado na sua simplicidade, especialmente no que confere ao:
- utilizador ter a possibilidade de ouvir a sua música nos seus dispositivos equipados com um player: iPod, iPhone, iPad, iPod Touch e computadores – não esquecer que a iTunes está presente no MAC e em Windows,
- utilizador ter a possibilidade de sincronizar a sua música com a Cloud,
- sistema procurar as músicas que tem offline e cria-las automaticamente online sem a necessidade de uploads,
- ao utilizador ter a possibilidade de descarregar as músicas para qualquer do seu dispositivo de escolha para ouvir sem que esteja ligado à Cloud,
- utilizador ter a possibilidade de fazer uma compra e ter logo disponível a música online,
A concorrência confere algumas destas especificações mas nenhuma consegue cumprir com todas e os utilizadores tipicamente tem pouca tolerância hoje em dia para falhas em sistemas que acham crucias e básicas de implementar. Afinal se uma empresa consegue por que razão não conseguem as outras?
A Businessweek revelou algumas das supostas características do novo sistema da Apple na Cloud:
- A possibilidade de tocar qualquer música sua em qualquer dispositivo, desde que comece com um “i” e/ num computador (PC ou MAC),
- A possibilidade de sincronizar a coleção de músicas tornando-as disponível online sem a necessidade de fazer uploads,
- A possibilidade de manter uma copia física offline
- Obviamente de manter a funcionalidade de comprar música online e continuar com a flexibilidade e simplicidade do “1 click” – Amazon continua deveras complicado no que concerne ao ato de compra de música
A cereja no bolo seria não a presente forma de compra, música a música, mas sim um modelo de subscrição que permita pagar uma mensalidade e der acesso a uma biblioteca de música podendo assim fazer o download daquelas músicas compradas através do sistema de escolha.
Apple está na altura certa com as necessárias ferramentas para cumprir mais uma vez com o que o consumidor sonha – tem o iTunes, o ecossistema em torno do sistema operativo iOS, uma data centre novo e muito cash – muito cash mesmo.
Com o iPod e o iPhone, a Apple provou que a paciência e conhecimento de causa tem retorno – e que retorno. Ninguém sonhava à uns anos que a Apple iria entrar no negocio de smartphones, muito menos ter o sucesso que teve. Mas para quem conhece bem a Apple, a sua cultura e a visão do talento em torno do Steve Jobs, nada disto é uma grande surpresa.
Time will tell…
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